segunda-feira, 31 de maio de 2010

talvez eu nem tenha dito..

Parecia uma noite saída direto de um filme, aqueles que as protagonistas andam pelas ruas no inverno sorrindo cheias de casacos, mas comigo não era assim! O frio batia em meu rosto quase cortando, e o meu cabelo movia-se com o vento. Eu não sabia o motivo, mas tinha urgência em chegar em casa e de alguma forma sentir aconchego, não que minha casa fosse o lugar mais aconchegante do mundo mas meu quarto sim. Abri a porta, larguei tudo em cima da cama, a bolsa, a rosa e o saquinho com o peixe, presente do Paulinho. Joguei-me na cama esperando ouvir os gritos da minha mãe pela hora em que cheguei. Mas não. Os gritos não vieram! Não sei bem como explicar mas de repente tive a sensação de calma, algo que não sentia a muito tempo, durante uma fração de segundo tive a impressão de que as coisas não estavam tão fora do lugar, e até acreditei que tudo realmente se resolveria. Fechei os olhos com muita força, e em um flesh back perfeito vi algo que me fez sorrir, uma lembrança simples da minha tarde mas que com certeza me fazia bem.. Era a primeira hora da tarde, por mais que eu me esforçasse eu não conseguia me sentir culpada por estar matando aula, no mínimo não agora.. ele tava me abraçando e era difícil raciocinar com o cheiro dele por perto. Abri os olhos e vi nosso reflexo na vidraça da loja, ele olhava para os carros, e espremia um sorriso. Aquilo. Exatamente aquilo. Justificava todo o meu dia.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A verdade era que eu não me importava.

Não sei, talvez fosse o frio, mas eu tremia, tremia muito, e o arrepio em minha espinha era adrenalina de alguma forma, eu sabia o que aquele menino clichê iria me falar, bem no meu inconsciente algo gritava que eu deveria parar com aquele jogo que me impolgava, mas que era cruel para ele que sem saber jogava comigo, no final eu não seria quem realmente sairiam machucada. Minha consciência suplicava para que eu parace com aquela besteira, mas algo muito mais forte em meu inconsciênte fazia-me proseguir. Não resisti, e ás três e quarenta e cinco em ponto eu estava lá para ouvir o que ele tinha a me dizer.. Sentei no corredor, abri o Senhor dos Anéis na página 34 e comecei a ler, minha mão estava gelada, e também suada. Dei um pulo ao ouvir o sinal da escola que avisava sobre o intervalo, aquilo tirou meu pensamento do livro e me levou bruscamente de volta a realidade. Olhei para o final do corredor e lá estava ele com sua camisa xadrez surrada de sempre. Dei alguns passos em sua direção e ao chegar perto senti o ar desconcertante que o cercava, desajeitado se ofereceu para levar meus livros, e então fomos para a lateral direita do prédio central. Sentamos na grama úmida e ele começou a falar, idéias bagunçadas, tentativas de me explicar sobre uma mudança, algo que ele teria feito por uma garota, a mesma que ele esperou impacientemente a noite toda na festa á fantasia da escola, festa a qual a garota não fora. Enquanto ele falava eu jurava que poderia ouvir seu coração, ele tinha uma voz familiar, e derrepente uma pausa. Uma pausa de voz. Ergui seu rosto, e então me dei conta do que estava fazendo, uma lágrima estava caindo daqueles olhos castanhos quase pretos, foi instantânea a sensação de culpa, aquele jogo já tinha ido longe de mais, e o pior, eu não tinha mais controle da situação. Eu não desviei meus olhos de seu rosto por longos segundos, mas ele não teve coragem de me contar por quem esperou, por que estava triste naquela última semana e muito menos por que queria falar comigo. Me deu um sorriso forçado, dolorido, abaixou o rosto e fora. Talvez fosse como um cachorrinho que apenas precisace de afago.