quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Frio, aqui dentro mais do que lá fora.

Eu não sabia o que esperar desse inverno, talvez neve, ventos com capacidade de petrificar minhas mãos e pés, muitos casacos e cachecóis, coisas as quais eu estava acostumada. Mas confesso que não foi exatamente assim. Muitas coisas estavam estranhas nos ultimos meses, muitas coisas haviam mudado e muitas ainda mudariam, eu estava disposta a me arriscar e não perder um segundo se quer, algo, alguma força estranha motivava-me e ser otimista e não deixar de acreditar, mas agora, agora me sinto congelada como tudo lá fora. Presa, mas não pela quantidade de casacos. Não via mais motivos, não via mais vida em nada. As pessoas, as coisas, tudo me cansava muito rápido, sugando minha energia de uma forma brutal. Definitivamente não vejo beleza no inverno. Então me dei conta de algo que pareceu ter esmigalhado meu cerebro, bom era calada da noite e lá estava eu, no auge dos meus quinze anos murmurando minhas inflamações novamente, como uma velhinha ranzinsa. Eu realmente esperava que as coisas voltessem a me encantar com a chegada do equinócio, afinal eu não sabia por quanto tempo alguém poderia permanecer sem vida e mesmo assim continuar vivendo. Dê uma coisa eu tinha abssoluta convicção, nenhum inverno jamais seria mais frio e persistente do que eu, afinal ainda tenho motivos, lembrei a mim mesma, uma xícara de café e um bom livro todas as noites, um menino afável e com cara de príncipe Caspian, um dos heróis de C. S. Lewis em As crônicas de Nárnia. Eram poucos os motivos, para ser sincera se resumiam apenas à esses três. Eram poucos, mas bons. Enquanto eu os tivesse, estava disposta a permanecer ali, esperando tudo descongelar.