segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A música invadia o meu quarto numa tentativa frustrada de preencher a sua ausência. A madrugada era abafada como o meu choro sob o travesseiro, eu sentia o sangue quente pulsando em minhas veias acompanhando a melodia e me fazendo lembrar que você estava à quilômetros de mim.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Irrelevante, lembrei a mim mesma.

Ele me cutucou pelo braço, me olhou sorridente e disse o mais lindo bom dia que eu poderia querer ganhar, meus olhos viram seus lábios se movimentando em seguida, algumas palavras saiam de sua boca, mas não as entendi, então ele abriu a porta e saiu, em um movimento calmo, tranquilo, que eu poderia jurar ter sido ensaiado. Apoiei a palma da mão no colchão e desajeitadamente me pus sentada sobre a cama, eu estava tonta mas apesar de tudo eu conseguia lembrar quase que nitidamente o sonho que havia acompanhado meus pensamentos aquela madrugada. Eu o esperava a muito tempo, quase que o previa. Era tarde de sol, agradável não muito quente, tipicamente de equinócios, riamos alto, entre olhares familiares falávamos de assuntos reconfortantes, ajeitava meu cabelo por de traz da orelha enquanto ele vinha em minha direção com aquele sorriso bobo em sua boca, eu sabia o que viria em seguida, em geral eu não costumava relutar, sabia que era inútil, ele colocava-me por sobre seus ombros e me levava como se fosse uma boneca. Enquanto repassava meu sonho em minha mente para não o esquecer, me dei conta de algo, eu não lembrava mais do tom de sua voz, do timbre exato que suas cordas vocais possuíam. Levei a mão até a lateral de meu pescoço e mordi meu lábio inferior. Me esforcei, espremi cada lembrança existente em minha memória mas nada. Era inútil. Senti algo diferente em mim naquele instante, ao contrário do que eu esperaria, aquilo foi indiferente. Irrelevante. Indolor. Talvez meu inconsciente soubesse que essa hora chegaria. Bom seja lá o que isso significasse, naquele momento não tinha mais nada a ver comigo, então sorri entre dentes fingindo acreditar em minha própria mentira, mas não havia como negar, eu sentia falta dele, meu melhor amigo, nada no mundo o substutuía, hoje ele já nem sabia o efeito que sua falta tinha sobre mim. Perdida em meus pensamentos levei um susto ao ver a porta do quarto se abrir, era meu anjo de volta e agora com meu café da manhã. Rapidamente minha atenção fora tirada das lembranças de meu sonho e de todos aqueles pensamentos. Só preciso ser paciente, somos chris e greg, tudo se ajeitará, concluí enquanto abocanhava uma de minhas torradas.